O Percevejo-do-sul, Blissus insularis, é um inseto pertencente à ordem Hemiptera e à família Blissidae, notoriamente conhecido por seus impactos devastadores em gramíneas, especialmente em áreas gramadas (relvados). Originário do sul dos Estados Unidos, essa praga tem se espalhado para outras regiões, incluindo Portugal, onde foi identificado pela primeira vez em 2019.
O Blissus insularis tem preferência pela grama-santo-agostinho (Stenotaphrum secundatum), uma gramínea popular em paisagismo devido à sua adaptabilidade e resistência a diversas condições. No entanto, esta praga também pode infestar outras variedades de gramíneas como Cynodon, Agrostis, Poa, Lolium, Festuca, Digitaria e Zoysia.
Os adultos do Blissus insularis são insetos muito pequenos, medindo até 4 mm de comprimento e 1 mm de largura. Eles apresentam cor geralmente escura a preta e asas pretas e esbranquiçadas. As fêmeas são um pouco maiores que os machos e possuem uma fenda abdominal onde fica o ovipositor. O ciclo de vida desse inseto é caracterizado por 3 a 10 gerações anuais sobrepostas, com as ninfas passando por 4 a 5 estágios ninfais.
Os danos causados pelo percevejo-do-sul são graves, com sintomas incluindo murcha, amarelecimento, redução de crescimento e morte do gramado. Essa praga se alimenta da seiva elaborada nas gramíneas, causando clorose e marcas de alimentação na superfície inferior das folhas. Em condições favoráveis, como em áreas ensolaradas e com excesso de palha morta (thatch), os danos podem ser mais severos, levando à destruição completa do gramado.
O controle do Blissus insularis é desafiador, especialmente em Portugal, onde ainda não foram estabelecidas medidas de controle eficazes. As práticas de manejo integrado de pragas são recomendadas, incluindo o corte na altura e frequência adequados, fertilização equilibrada e irrigação. A aplicação de fertilizantes ricos em nitrogênio deve ser moderada, uma vez que pode facilitar a alimentação da praga. Todos os fatores que contribuem para o acúmulo de palha sob o gramado devem ser considerados, pois favorecem o inseto. O controle químico, apesar de popular, enfrenta o desafio da resistência do inseto aos inseticidas.
Além disso, a busca por métodos alternativos de controle tem sido enfatizada. Isso inclui o uso de controle biológico, onde predadores naturais do Blissus insularis, como o bigeyed bug Geocoris uliginosus e a formiga Solenopsis, são explorados. Da mesma forma, fungos entomopatogênicos como Beauveria bassiana parecem promissores, como demonstram alguns estudos. Outra estratégia é o desenvolvimento de cultivares de gramas resistentes, como a Grama Santo Agostinho ‘Floratam’, embora o Blissus insularis tenha mostrado capacidade de adaptação genética a essas variedades resistentes.
O monitoramento e a detecção precoce da praga são cruciais para evitar grandes infestações. Métodos como o de flutuação, que envolve o uso de uma lata sem fundo inserida no solo ao redor da grama descolorida e preenchida com água, podem ajudar na identificação da presença do percevejo.
O Blissus insularis, portanto, representa um sério desafio para a manutenção de relvados saudáveis, exigindo um manejo cuidadoso e abordagens integradas para seu controle efetivo. O conhecimento aprofundado sobre o ciclo de vida, preferências de hospedeiros e métodos de controle desse inseto é fundamental para minimizar seus impactos negativos em gramados residenciais e comerciais.