Sua dose diária de jardinagem no whatsapp - 100% Grátis Participar do Grupo

Nematóides

Raquel Patro

Atualizado em

Raízes com nódulos por nematódeos.

Os nematóides, também conhecidos como nematódios, são organismos microscópicos pertencentes ao Filo Nematoda. Esses seres vivem em uma variedade de ecossistemas, estando presentes em quase todas as regiões do mundo. Eles são incrivelmente versáteis em seus modos de vida, podendo ser classificados como de vida livre, saprófitas (alimentando-se de restos de animais ou plantas), ou parasitas de animais e plantas. No contexto humano, um dos exemplos mais conhecidos são as lombrigas, que são parasitas intestinais.

A classificação do Filo Nematoda revela uma notável diversidade de espécies, com estimativas entre 25.000 até meio milhão de espécies existentes. Nematóides são encontrados em uma vasta gama de habitats, desde ambientes terrestres até aquáticos, incluindo solos, água doce, mares e até em ambientes extremos como desertos e regiões polares. Dentro deste filo, a diferenciação de espécies é notável, com variações significativas em tamanho, morfologia, ciclo de vida e, mais criticamente para jardinagem e agricultura, nas relações com as plantas hospedeiras. Alguns gêneros, como o Meloidogyne e Pratylenchus, são conhecidos por sua capacidade de parasitar raízes de plantas, causando danos consideráveis. Outras espécies, entretanto, desempenham papéis ecológicos vitais, como a decomposição de matéria orgânica, contribuindo para a saúde do solo. Esta diversidade é um lembrete de que, embora muitos nematóides sejam vistos como pragas, eles também são componentes essenciais e benéficos de seus ecossistemas.

O entendimento do ciclo de vida dos nematóides é fundamental para o manejo eficaz dessas pragas em plantas ornamentais. Geralmente, o ciclo inicia com ovos depositados no solo ou em tecidos vegetais. Esses ovos podem ser sensíveis ou bastante resistentes. Eles eclodem para liberar larvas, que passam por várias mudas antes de alcançar a maturidade sexual. Algumas espécies de nematóides têm ciclos de vida extremamente rápidos, podendo completá-los em poucas semanas, enquanto outras podem levar vários meses. Geralmente, a fase de larva é crucial, pois é quando os nematóides são mais ativos e danosos às plantas, invadindo raízes e interrompendo a absorção de nutrientes e água. Além disso, muitos nematóides formam estruturas especializadas, como cistos ou galhas, que protegem os ovos e larvas, aumentando sua resistência a condições ambientais adversas e a métodos de controle. Compreender estas fases e sua duração em cada umas das espécies envolvidas ajuda os profissionais a identificar o melhor momento para intervenções.

Nematódeo.
Nematódeo. Foto Canva.

No âmbito da jardinagem e agricultura, os nematóides que parasitam plantas representam uma ameaça significativa. Estes organismos são comumente encontrados no solo e nas raízes das plantas, afetando culturas de grande importância econômica, como a soja, em diversos estados brasileiros. Além disso, as plantas ornamentais também são vulneráveis a essas pragas, com impactos significativos tanto em produções em larga escala quanto em jardins domésticos. As suculentas, por exemplo, mostram uma sensibilidade particular aos nematóides, apresentando muitas vezes nódulos nas raízes e estriações cicatriciais nos caules. Um estudo realizado pela Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária em 2004 destacou que mais de 40% das helicônias e 80% das musáceas em Pernambuco estavam infectadas por esses parasitas.

Os danos causados pelos nematóides nas plantas são variados e podem ser devastadores. Eles incluem a redução do desenvolvimento geral da planta, necrose nas folhas e raízes, formação de galhas, tubérculos e bulbos mal formados, além de coloração anormal em folhas e flores. Estes impactos não apenas comprometem a saúde e a estética das plantas, mas também depreciam seu valor econômico. Para um diagnóstico preciso, métodos laboratoriais são essenciais. Análises de solo e raízes em laboratórios especializados podem identificar a presença e a densidade de nematóides. Isso geralmente envolve a extração e a observação de nematóides do solo ou de tecidos de plantas sob microscópio. Além disso, técnicas moleculares como PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) são cada vez mais utilizadas para uma identificação rápida e específica das espécies de nematóides presentes, permitindo um manejo direcionado e eficaz. A observação atenta dos sintomas e a confirmação laboratorial são cruciais para o sucesso no controle dessas pragas em plantas ornamentais.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Entre os gêneros de nematóides parasitas de plantas mais comuns, destacam-se Meloidogyne sp, Pratylenchus sp, Radopholus similis e Aphelenchoides sp. Cada um desses gêneros possui características específicas e pode afetar diferentes tipos de plantas. Por exemplo, Meloidogyne sp, conhecido como nematóide das galhas, é notório por causar galhas nas raízes das plantas, o que interfere significativamente na absorção de nutrientes e água.

Quanto à mobilidade, os nematóides não se deslocam grandes distâncias por conta própria, geralmente movendo-se apenas alguns metros durante seu ciclo de vida. No entanto, eles podem ser disseminados a longas distâncias de diversas maneiras, como pela erosão de solos pela água da chuva, pela comercialização de substratos ou plantas contaminadas, pelo descarte inadequado de substratos contaminados, e até mesmo pelo uso de areia de rio na produção de substratos.

Os nematodeos fitoparasitas são classificados de acordo com o modo como parasitam suas hospedeiras. Vamos explorar essas categorias:

  1. Endoparasitas: Nesta categoria, o adulto penetra completamente na planta, onde os ovos se desenvolvem e apenas as formas juvenis emergem quando a planta morre. Eles se alimentam por meio de estruturas chamadas sincícios alimentícios. Um exemplo notável é o gênero Meloidogyne.
  2. Semiendoparasitas: Aqui, o adulto se fixa profundamente na planta hospedeira, deixando parte do seu corpo exposto ao ambiente. A postura de ovos ocorre no solo. Assim como os endoparásitos, eles também se alimentam por meio de sincicíos alimentícios. Exemplos incluem os gêneros Heterodera, Globodera e Pratylenchus.
  3. Ectoparasitas Sedentários: Esses nematoides introduzem apenas a cabeça na planta e geralmente permanecem nessa posição, a menos que seja para reprodução, aí eles podem se locomover. A postura de ovos acontece diretamente no solo. Paratylenchus e Ratylenchus são exemplos de gêneros dessa categoria.
  4. Ectoparasitas Migradores: Eles podem ser comparados a nematoides de vida livre que se alimentam de plantas. Esses nematoides introduzem apenas o estilete (aparelho bucal) na planta, e alguns deles formam sincícios alimentícios. Exemplos notáveis incluem os gêneros Xiphinema e Trichodorus.

No manejo prático de nematóides em jardins, a prevenção é fundamental. Estratégias como o uso de substratos livres de nematóides, a aquisição de plantas sadias e a destruição de restos de plantas infectadas são fundamentais. A escolha de espécies preferencialmente resistentes ou tolerantes a nematóides é um passo inicial crucial. Para jardineiros e paisagistas, a atenção deve se voltar para a seleção de espécies que demonstram menor susceptibilidade a estas pragas. Em jardins mais amplos, pode-se optar pelo cultivo de plantas antagônicas aos nematóides, como a crotalária, que possui potencial ornamental, e Tagetes sp, que além de serem ornamentais, liberam substâncias nematicidas no substrato.

Além disso, práticas como a rotação de culturas com plantas não hospedeiras, como gramíneas, podem ajudar a reduzir a população de nematóides no solo. Outra técnica eficaz é a solarização do solo, que envolve cobrir o solo com uma lona plástica transparente durante os meses mais quentes, utilizando a energia solar para elevar a temperatura do solo a níveis que são letais para os nematóides. O uso de adubos orgânicos e compostos também pode ser benéfico, pois melhora a estrutura do solo e pode ajudar a suprimir a atividade dos nematóides.

Em viveiros de produção de mudas, onde o controle de nematóides é crucial para garantir a qualidade das plantas, estratégias específicas devem ser adotadas. Uma prática comum é a utilização de substratos esterilizados ou tratados para evitar a introdução de nematóides. Isso pode incluir a esterilização do solo por métodos térmicos ou químicos. Além disso, o monitoramento regular das mudas e a inspeção do sistema radicular durante o transplante podem ajudar a identificar precocemente a presença de nematóides. Em casos de infestação, o uso de nematicidas específicos pode ser necessário, mas deve ser feito de forma criteriosa para evitar danos ao meio ambiente e às plantas. Implementar um programa de controle biológico, utilizando organismos antagonistas, como fungos e bactérias que atacam os nematóides, também pode ser uma abordagem eficaz. Essas práticas, quando combinadas com um manejo cuidadoso e observação constante, podem ajudar significativamente a controlar os nematóides em viveiros e garantir a produção de mudas saudáveis.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Outras medidas de controle incluem a desidratação do solo, pois a falta de umidade interrompe o ciclo de vida da praga. Secar ao sol o substrato é uma técnica eficaz nesse sentido. Além disso, em hortas e jardins, a rotação de culturas (ou espécies nos canteiros) e a inclusão de períodos de pousio são práticas benéficas no manejo de nematóides, pois muitas espécies de plantas são resistentes a essas pragas e podem ajudar a interromper seu ciclo de vida e reduzir a população de nematóides no solo.

Especificamente em relação às suculentas, medidas como a decapitação regular e a substituição dos substratos podem ser cruciais para salvar plantas de produção. É vital descartar adequadamente o material contaminado, queimando os restos de plantas e esterilizando o substrato. Ainda assim é recomendado evitar a reutilização dos substratos envolvidos no viveiro.

Além dessas estratégias, o desenvolvimento de cultivares resistentes e o uso de controle biológico, como a introdução de predadores naturais dos nematóides ou a aplicação de microrganismos benéficos que antagonizam essas pragas, são abordagens que têm ganhado destaque. O controle biológico é particularmente atraente por ser uma alternativa sustentável aos nematicidas químicos, que podem ter impactos negativos no meio ambiente e na saúde humana.

O uso de nematicidas é uma abordagem comum no controle de nematóides, especialmente em situações onde a infestação é severa e as medidas preventivas não são suficientes. Entre os nematicidas mais utilizados, destacam-se os produtos à base de organofosfatos, carbamatos e fumigantes, como o metam-sódio. Esses compostos funcionam de diferentes maneiras, mas geralmente atuam interrompendo processos vitais dos nematóides ou criando um ambiente inóspito para eles no solo. Entretanto, é crucial utilizar esses produtos seguindo rigorosamente as instruções do fabricante e as regulamentações ambientais, devido aos potenciais riscos para a saúde humana e para o meio ambiente.

Um aspecto importante no uso de nematicidas é a estratégia de alternância de princípios ativos. Essa prática envolve alternar o uso de nematicidas com diferentes modos de ação para evitar o desenvolvimento de resistência dos nematóides a um determinado princípio ativo. Por exemplo, pode-se alternar um nematicida à base de organofosfato com um carbamato ou um fumigante em diferentes ciclos de cultivo. Essa alternância não apenas reduz a pressão seletiva sobre os nematóides, mas também minimiza o impacto ambiental do uso contínuo de um único tipo de químico.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Em suma, os nematóides são organismos pequenos, mas representam grandes desafios no contexto da jardinagem e agricultura. O manejo eficaz dessas pragas requer uma abordagem integrada, combinando práticas culturais, controle biológico, e, quando necessário, o uso de agentes químicos de forma responsável e sustentável. Com a crescente preocupação ambiental e a busca por práticas agrícolas mais sustentáveis, o estudo e o manejo dos nematóides continuarão a ser um campo de pesquisa importante e relevante no futuro da jardinagem e agricultura.

Já pensou em abrir a porta de casa e dar de cara com um jardim espetacular que parece ter saído diretamente de uma revista? Seja sincero, quem não queria?

E aí, já tá imaginando o seu jardim mais lindo? Cada vez que você botar a mão na terra e ver o resultado crescendo e florindo, vai sentir aquela satisfação de "puxa, eu que fiz!". O ebook 101 Técnicas de Jardinagem Explicadas não é só um livro, é tipo um melhor amigo pra quem ama plantar e cuidar.

Ebook 101 Técnicas de Jardinagem

Bom, com este eBook seu desejo pode virar realidade, e acredite, é mais fácil do que você imagina. Tá começando do zero ou já tem a mão meio verde? Não importa! Este guia foi feito pensando em todo mundo. Aqui dentro, você vai achar mais de 600 páginas cheias de ilustrações que falam por si só, com instruções detalhadas que vão desde o básico até o avançado. Já pensou em quanta coisa nova você vai aprender e aplicar aí no seu cantinho verde?

Quer ter a alegria de comer frutas que você mesmo plantou? Ou que tal ver flores que mais ninguém tem, colorindo seu jardim e perfumando sua casa? Pois é, esse eBook entrega isso e muito mais.

Bora dar esse passo e transformar seu espaço ao ar livre num verdadeiro paraíso particular? Pega seu exemplar agora e vamos nessa jornada juntos! E aí, preparado pra ver seu jardim virar capa de revista? Aproveite o super desconto, é por tempo limitado!

Sobre Raquel Patro

Raquel Patro é paisagista e fundadora do site Jardineiro.net. Desde 2006, ela desenvolve conteúdos especializados em plantas e jardins, pois acredita que todas as pessoas, sejam amadores ou profissionais, devem ter acesso a conteúdos de qualidade. Nerd de carteirinha, ela gosta de livros, ficção científica e tecnologia.