A Maranta-charuto (da espécie Calathea lutea), é uma planta perene, herbácea e rizomatosa, que chama a atenção por suas folhas grandes, com apelo tropical, e movimentação elegante. Da mesma família das marantas e calatéias, a maranta-charuto se destaca pelo tamanho avantajado, se comparado com suas congêneres. Ela é nativa de regiões costeiras e tropicais das Américas, desde o México até a Amazônia brasileira, onde cresce principalmente ao longo de rios, como vegetação palustre, na borda da mata ou em áreas com clareiras naturais, formadas pela eventual queda de uma árvore grande.
A Calathea lutea é uma planta exuberante, sempre-verde, que cresce de um forte rizoma subterrâneo e forma densas touceiras com 2 a 4 metros de altura. O que aparentemente são seus caules, na verdade são os longos e fortes pecíolos das folhas, recobertos pelas bainhas foliares sobrepostas. Suas folhas são enormes e largas, de cor verde clara e vibrante, com formato ovado a elíptico, podendo ser acuminadas, arredondadas ou obtusas. Na face inferior das folhas (abaxial) há uma grossa camada cerosa e pulverulenta, que confere a essa face das folhas, uma bela cor prateada. Como outras plantas da família Marantaceae, a Calathea lutea também apresenta o típico movimento de “rezar” com suas folhas. Pela manhã elas vão se inclinando de forma a ter um aspecto mais horizontal e relaxado, e à noite elas se fecham de forma mais verticalizada, evidenciando a face inferior.
A Calathea lutea não deixa de surpreender quando floresce, o que pode acontecer em qualquer época do ano, mas com maior frequência na estação chuvosa. Seu escapo floral emerge da bainha foliar e termina em uma grande inflorescência ereta, do tipo espiga, medindo de 10 a 30 cm de comprimento e 3 a 5 cm de diâmetro. Essa inflorescência é formada por brácteas coriáceas, sobrepostas, de cor marrom a marrom-avermelhada. Os nomes populares da planta, que fazem referência à charutos ou cigarros, referem-se ao aspecto dessas inflorescências.
De grande durabilidade, as inflorescências podem ser utilizadas em arranjos florais e buquês. Entre suas brácteas brilhantes surgem delicadas flores tubulares de curta duração, com cerca de 4 cm de comprimento, com estaminódios de amarelo-pálido e pétalas arroxeadas. Elas são atrativas para abelhas e pássaros nectaríferos como cambacicas e beija-flores. Os frutos que se seguem são cápsulas ovoides que contêm três sementes cada, recobertas com arilo alaranjado e carnoso.
No paisagismo, a maranta-charuto é de popularização crescente. Ela impressiona com seu efeito ornamental devido principalmente ao arranjo de suas grandes folhas, especialmente a parte inferior prateada. Ela confere uma atmosfera tropical, ao mesmo tempo em que luxuosa ao jardim, como se você estivesse adentrando um verdadeiro oásis. Por essa razão, os paisagistas tem cada vez mais utilizado essa espécie na forma de maciços, como bordadura ao longo de muros, delimitando espaços ou em conjunto com outras plantas tropicais, sempre com grande efeito. De baixa manutenção, boa resistência a pragas e doenças, e rápido crescimento, a maranta-charuto necessita apenas de uma limpeza eventual para remover as folhas mortas e adubações a cada 3 ou 4 meses.
Além de sua beleza ornamental, a Calathea lutea tem usos surpreendentes. Suas folhas, impermeáveis devido à camada de cera na parte inferior, são utilizadas localmente para embrulhar alimentos cozidos e crus, bem como os típicos “tamales” da culinária mexicana. Quando secas, elas também são usadas na confecção de cestas e como cobertura para construções. Um aspecto notável da Calathea lutea é a produção de uma cera de alta qualidade. Essa cera é comparável à cera de carnaúba, extraída das folhas da palmeira Copernicia prunifera.
Para garantir um crescimento saudável, a maranta-charuto precisa de bastante luz. Via de regra, ela cresce bem em áreas semi-sombreadas, que recebem abundante luz filtrada por entre as folhas das árvores, por exemplo. Em áreas subtropicais ou de altitude, com clima mais ameno, é possível cultivá-la até mesmo sob sol pleno, desde que a irrigação esteja sempre disponível. Em locais frios, sujeitos a geadas e temperaturas abaixo de 16ºC, convém protegê-la, já que não tolera essas condições extremas. O cultivo em vasos nesse caso pode ser interessante, pois você pode trazer a planta para locais protegidos, porém bem iluminados, durante o rigor do inverno. Se necessário, efetue a poda da parte aérea danificada pela geada, e preserve os rizomas em ambiente protegido ou com lona, até que possam rebrotar com segurança na primavera.
Quanto ao solo, essa maranta aprecia aqueles que são ricos em matéria orgânica, levemente ácidos, drenáveis e arejados. Elas apreciam a umidade constante, portanto é importante pensar num bom cronograma de regas ou sistema de irrigação, ou quem sabe escolher áreas naturalmente mais úmidas do terreno para plantá-la. Fertilize-a com produtos de liberação lenta ou composto orgânico para manter seu vigor e a beleza de suas folhas. Como outras plantas da família marantaceae, ela se ressente de águas duras, cloradas ou fluoretadas, portanto prefira utilizar água da chuva ou de fontes livres dessas substâncias.
Uma elevada umidade relativa do ar é crucial para o pleno desenvolvimento da Calathea lutea. Por isso, evite cultivá-la em locais secos, sujeitos ao ar condicionado, e suplemente a umidade do ar com nebulizações regulares. Alternativamente, podemos cultivá-la com outras plantas que transpirem bastante, como samambaias, ou em estufas úmidas. Sua propagação é fácil, e pode ser realizada por divisão das touceiras, por rizomas ou por sementes.