A íris-da-praia (Neomarica candida), é uma planta rizomatosa, herbácea, que se destaca por sua folhagem e florescimento decorativos. Originária da América do Sul, de países como o Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil, onde esta espécie é amplamente reconhecida por sua beleza ornamental e resiliência.
O nome do gênero Neomarica deriva do grego “neo”, que significa novo, e “marica”, uma ninfa da mitologia romana casada com Fauno e venerada no bosque de Minturno, uma pequena cidade ao sul de Roma. Uma antiga lenda diz que a planta, quando multiplicada por sementes, só floresce após o surgimento de doze folhas, representando os apóstolos de Jesus Cristo, o que lhe confere também o nome popular de “planta dos apóstolos” ou “doze-apóstolos” (em inglês). Já o epíteto específico candida, vem do latim, e é uma referência às pétalas brancas da flores dessa espécie.
A íris-da-praia é nativa das restingas da América do Sul, adaptando-se bem a ambientes litorâneos devido à sua tolerância à salinidade e aos ventos marítimos. Em seu habitat natural, cresce em solos bem drenados, ricos em matéria orgânica e frequentemente cobertos por uma espessa camada de detritos florestais composto de folhas e ramos em diferentes estágios de decomposição (serrapilheira).
A Neomarica candida é uma planta herbácea perene que pode atingir até 90 cm de altura. Suas folhas são verde-brilhantes, glabras e laminares, dispostas em forma de leque, conferindo um aspecto cheio e entouceirado à planta ao longo do tempo. As inflorescências surgem na primavera e no verão, quando despontam hastes eretas que sustentam flores delicadas e efêmeras. Cada flor possui três sépalas brancas horizontais com rajados de marrom na base e três pétalas azuis recurvadas e elevadas. Devido a essas pétalas diferentes e exóticas, as flores são frequentemente confundidas com orquídeas.
Uma curiosidade interessante sobre a íris-da-praia é que suas flores são visitadas por borboletas, atraídas pela cor e forma das pétalas. Além disso, a planta tem um ciclo de floração contínuo sob clima tropical e quente, reduzindo a floração em regiões com inverno mais frio.
As flores da íris-da-praia duram apenas um dia, abrindo ao amanhecer e murchando ao cair da tarde. Após a floração, as hastes florais pendem até tocar o solo, onde enraízam e formam novas mudas, característica que dá origem ao nome “íris-caminhante”, também bastante popular para a espécie.
No paisagismo a íris-da-praia é uma opção recorrente, visto que é rústica, exigindo pouca ou nenhuma manutenção, além de ser perene e acima de tudo muito ornamental. Mesmo quando não está florida, suas folhas brilhantes e a textura cheia e entouceirada embelezam jardins. Pode ser utilizada em maciços e bordaduras, preferencialmente sob meia-sombra, em bordas de bosques, preferencialmente em locais que recebem a luz filtrada da copa das árvores, mas também pode ser plantada em vasos e jardineiras. Além disso, é uma excelente opção para jardins de praia, pois tolera bem a salinidade e os ventos litorâneos.
A íris-da-praia deve ser cultivada sob sol pleno, meia-sombra ou sombra clara, em solo fértil, enriquecido com matéria orgânica e bem drenado. A planta aprecia a umidade tropical e floresce melhor quando recebe luz solar direta por algumas horas ao dia. A ausência de flores eventual pode muitas vezes estar relacionada com luminosidade insuficiente, por excesso de sombreamento. É resistente ao frio e a geadas leves.
Durante o plantio ou replantio, é importante não enterrar os rizomas profundamente, pois isso pode causar doenças e reduzir a produção de flores. Aplique uma boa camada de mulching sobre o solo dos canteiros, o que favorece a manutenção da temperatura e umidade. Fertilize com adubos orgânicos durante a primavera e verão. A multiplicação pode ser feita por sementes, mas mais facilmente por divisão dos rizomas, das touceiras, por separação das mudas que se formam nas hastes florais.