A costela-de-adão (Monstera deliciosa) é uma planta da família Araceae, de folhas grandes e espetaculares, muito ornamentais. Nativa das florestas tropicais do México e da América Central, esta espécie conquistou ampla popularidade como planta ornamental em todo o mundo, especialmente em ambientes internos e jardins tropicais. Sua folhagem exuberante, marcada por recortes profundos e perfurações naturais, tornou-se ícone no design de interiores, paisagismo e na cultura visual contemporânea, sendo frequentemente associada a conceitos de sofisticação, frescor e exuberância natural. A adaptabilidade a diferentes níveis de luminosidade, aliada ao seu crescimento vigoroso e à baixa exigência de manutenção, contribui para o seu valor como uma das plantas ornamentais mais desejadas tanto por amadores quanto por profissionais do paisagismo.
O gênero Monstera deriva do latim “monstrum”, significando “monstro” ou “maravilha”, numa referência às formas incomuns e dramáticas das folhas recortadas e perfuradas dessas plantas. A escolha do nome remonta a uma tradição botânica de nomear espécies da família Araceae com termos que evocam criaturas mitológicas, como dragões e serpentes, dado o aspecto exótico de suas morfologias. O epíteto específico deliciosa refere-se ao sabor agradável de seu fruto maduro, altamente apreciado por seu paladar que lembra uma mistura de abacaxi e banana.
A costela-de-adão é uma trepadeira perene e robusta, de textura semi-lenhosa a herbácea, com crescimento vigoroso. Em seu habitat natural, pode atingir de 10 a 20 metros de altura, aderindo aos troncos das árvores por meio de raízes adventícias espessas e longas, que se desenvolvem a partir dos nós do caule. Essas raízes aéreas têm função tanto de fixação quanto de absorção de umidade e nutrientes. O caule principal é espesso, cilíndrico e verde-claro, tornando-se mais lignificado com a idade. Apresenta nós proeminentes de onde emergem folhas e raízes aéreas.
O crescimento é predominantemente vertical, mas na ausência de suporte adequado, pode assumir hábito rasteiro. Os ramos são alternados e flexíveis na juventude, tornando-se mais rígidos com o tempo. As folhas são o elemento mais notável da espécie: grandes, coriáceas, brilhantes e de cor verde-escura, com pecíolos que podem medir até 60 centímetros de comprimento. O pecíolo é robusto, cilíndrico, provido de uma genícula basal flexível que permite a orientação das folhas em direção à luminosidade.
As folhas podem atingir de 25 a 90 centímetros de comprimento e de 25 a 75 centímetros de largura, dependendo das condições de cultivo e da maturidade da planta. A lâmina foliar é profundamente recortada e perfurada, um traço adaptativo que favorece a resistência a ventos fortes e o aproveitamento de luz difusa sob o dossel florestal. As folhas jovens são inteiras e sem perfurações, enquanto as folhas maduras exibem o padrão característico de recortes e fenestrações.
A inflorescência da Monstera deliciosa é típica da família Araceae, consistindo em uma espádice envolta por uma espata. Trata-se de uma espécie monóica, apresentando flores masculinas e femininas na mesma inflorescência, dispostas sequencialmente ao longo do espádice. As flores femininas localizam-se na porção inferior, enquanto as masculinas ocupam a parte superior. A floração ocorre principalmente na primavera e no verão, embora seja rara em cultivos internos. O espádice é cilíndrico, podendo atingir até 25 centímetros de comprimento, de coloração branco-esverdeada, envolto por uma espata carnosa, inicialmente branca e depois amarelada com a maturação.
A polinização da Costela-de-adão é favorecida pela termogênese floral, um processo em que o espádice aquece acima da temperatura ambiente devido à intensa atividade metabólica. Esse aquecimento volatiliza compostos aromáticos presentes nas flores, intensificando o cheiro liberado e atraindo polinizadores, principalmente besouros. O calor e o aroma simulam um ambiente seguro para esses insetos, aumentando as chances de visitação e polinização. Além disso, como as flores femininas amadurecem antes das masculinas no mesmo espádice, o mecanismo de protoginia favorece a polinização cruzada.
Popularmente conhecido como “ceriman” ou “banana-do-mato”, o fruto da costela-de-adão é um sorose alongado, composto pela fusão dos frutos individuais de cada flor. Quando maduro, o fruto apresenta uma coloração verde-clara, recoberto por pequenas escamas hexagonais que se desprendem à medida que amadurece. Ele é comestível, mas seu consumo só é seguro quando completamente maduro.
Durante o processo de maturação, ele passa por mudanças bastante peculiares: inicialmente rígido e coberto por uma casca formada por escamas hexagonais, o fruto amadurece de forma gradual, de baixo para cima. Quando chega à maturidade, as escamas se soltam espontaneamente, revelando uma polpa cremosa e suculenta, de coloração esbranquiçada.
O sabor do fruto é descrito como uma combinação complexa de aromas e sabores de frutas tropicais. Degustadores relatam notas predominantes de abacaxi, banana e manga, entrelaçadas com toques sutis de coco e morango. A doçura é intensa, com uma acidez equilibrada que torna o consumo fresco extremamente agradável. Sua textura é macia, semelhante à da banana madura, mas ainda suculenta, favorecendo o uso em sobremesas, smoothies e preparações exóticas.
Entretanto, é fundamental destacar que os frutos ainda imaturos da Costela-de-adão são tóxicos devido à presença de cristais microscópicos de oxalato de cálcio, que podem causar irritação severa na boca, língua, garganta e trato digestivo. Por isso, o fruto jamais deve ser consumido quando verde, e sua preparação envolve paciência e cuidado, respeitando seu processo natural de liberação das escamas. Em ambientes tropicais, a maturação do ceriman pode levar até um ano após a floração.
As sementes são pequenas, arredondadas e de cor marrom, imersas na polpa comestível. Em ambientes internos, a produção de frutos é extremamente rara devido à ausência de condições ideais de luminosidade, umidade e presença de polinizadores.
Com o enorme sucesso da Costela-de-adão, impulsionado especialmente pela demanda de colecionadores e influenciadores por plantas de interior únicas e esteticamente marcantes, diversas cultivares foram desenvolvidas para atender ao crescente interesse por exemplares diferenciados e raros. Conheça algumas das mais populares cultivares e variedades:
- Monstera deliciosa ‘Albo Variegata’: Esta cultivar é conhecida por suas folhas com variegações brancas ou creme, resultantes de uma mutação genética espontânea. A variação pode se manifestar em padrões marmorizados ou em grandes áreas brancas nas folhas. Devido à ausência de clorofila nas áreas variegadas, a planta requer luz indireta intensa para realizar a fotossíntese de forma eficiente.
- Monstera deliciosa ‘Thai Constellation’: Desenvolvida por meio de cultura de tecidos em laboratório na Tailândia, esta cultivar apresenta variegações cremosas em padrões que lembram constelações. Ao contrário da ‘Albo Variegata’, a ‘Thai Constellation’ possui uma variegação mais estável, sendo menos propensa a reverter para folhas totalmente verdes.
- Monstera deliciosa ‘Aurea Variegata’: Caracteriza-se por variegações amarelas ou douradas nas folhas. A intensidade e o padrão da variegação podem variar, e algumas folhas podem apresentar áreas completamente amarelas. Assim como outras variedades variegadas, requer cuidados específicos para manter sua saúde e aparência.
- Monstera deliciosa ‘Mint Variegata’: Esta rara cultivar exibe uma variegação em tons de verde-claro ou menta, resultante de uma mutação que afeta a produção de clorofila. As folhas apresentam um padrão sutil e elegante, sendo altamente valorizadas por colecionadores. A variegação do tipo ‘Mint’ pode aparecer tanto em áreas despigmentadas, quanto em áreas verdes da planta.
- Monstera deliciosa Sport: Esta terminologia refere-se a plantas que desenvolveram mutações e variegações espontâneas, com padrões de variegação que podem ser imprevisíveis e instáveis (podendo retornar ao verde típico da espécie), tornando cada exemplar único. Para a criação de uma cultivar estável é preciso um grande trabalho de cultivo e seleção genética nos exemplares que apresentam mutações.
- Monstera deliciosa var borsigiana: Embora frequentemente confundida com a Monstera deliciosa padrão, a borsigiana é uma variedade menor, com crescimento mais rápido e entrenós mais curtos. Algumas cultivares variegadas, como a ‘Albo Borsigiana’, são baseadas nesta variedade.
A Monstera deliciosa ‘White Monster’ é uma variedade rara e altamente valorizada devido à sua intensa variegação branca. Essa forma apresenta folhas com setores amplamente despigmentados, assim como algumas folhas completamente sem clorofila, criando um contraste dramático com áreas verdes. Contudo, é importante esclarecer que plantas de Monstera deliciosa com folhas totalmente brancas não são viáveis a longo prazo, pois a ausência completa de clorofila impede a fotossíntese, e tem um custo energético para a planta.
Infelizmente, muitos entusiastas desavisados acabam sendo vítimas de golpes, adquirindo mudas supostamente “100% brancas” que, na grande maioria das vezes, não sobrevivem, sendo incapazes de enraizar ou crescer. Mesmo exemplares legítimos de ‘White Monster’ exigem cuidados específicos para manter a saúde e a variegação equilibrada.
No paisagismo, a Monstera deliciosa é frequentemente utilizada para criar ambientes tropicais exuberantes em jardins externos. Sua presença é marcante em áreas sombreadas, sob copas de árvores ou em locais de meia-sombra, onde suas folhas fenestradas e volumosas proporcionam um efeito visual dramático e de alta textura. É importante levar em consideração seu tamanho adulto, e localizá-lo em ambientes que possam comportar sua escala avantajada de forma proporcional.
Devido ao seu hábito de crescimento escalador e ao vigor de suas raízes aéreas, ela é comumente plantada junto a suportes naturais como troncos de árvores, pérgolas ou estruturas de bambu. Em projetos de paisagismo tropical, a Costela-de-adão é empregada para criar “paredes verdes” vivas ou para adicionar profundidade a canteiros sombreados, compondo harmoniosamente com espécies como Philodendron, Calathea e Alocasia.
Na decoração de interiores, a Costela-de-adão alcançou um status icônico, particularmente impulsionada pelo movimento Urban Jungle, que promove a integração intensiva de plantas nos espaços urbanos internos. A estética arquitetônica de suas folhas grandes, perfuradas e profundamente recortadas se tornou símbolo de um estilo de vida mais próximo da natureza, servindo como peça central em salas de estar, escritórios, estúdios de criação e até espaços comerciais como cafeterias e boutiques. A Monstera deliciosa é altamente apreciada por sua habilidade de transformar ambientes internos, criando atmosferas vibrantes, relaxantes e organicamente sofisticadas.
Sua manutenção relativamente simples — exigindo luz indireta brilhante, regas moderadas e substratos bem drenáveis — facilita seu cultivo por entusiastas iniciantes e colecionadores experientes. As tendências de design de interiores escandinavo, boho e mid-century modern frequentemente incorporam a Monstera deliciosa devido à sua expressão visual escultórica e à versatilidade de suas formas, que se harmonizam tanto com móveis de linhas retas quanto com composições mais orgânicas.
A influência do movimento Urban Jungle incentivou a disseminação de cultivares variegadas da Monstera deliciosa, como a ‘Albo Variegata’ e a ‘Thai Constellation’, que hoje figuram como peças altamente desejadas em coleções de plantas de interiores de alto padrão. Além disso, a popularização da planta nas redes sociais e em publicações de design impulsionou sua inclusão em catálogos de tendências decorativas, consolidando ainda mais seu status como planta símbolo do verde urbano contemporâneo.
A Costela-de-adão prefere luz indireta brilhante, típica do sub-bosque tropical, onde a luz filtrada atravessa as copas densas das árvores. Embora tolere sombra parcial, o excesso de sombra pode limitar o desenvolvimento das fenestrações nas folhas. A exposição direta e intensa ao sol deve ser evitada, pois pode causar queimaduras foliares. Em ambientes internos, a Monstera deliciosa adapta-se bem sob luz artificial suplementar, desde que de alta intensidade e espectro adequado.
O clima ideal para a Costela-de-adão é tropical ou subtropical úmido. A temperatura ótima de crescimento situa-se entre 20 °C e 30 °C. Temperaturas abaixo de 10 °C desaceleram significativamente seu metabolismo, podendo causar danos nas folhas ou morte da planta em exposições prolongadas. Abaixo de 0 °C, a espécie não sobrevive em condições naturais. A umidade relativa do ar elevada, entre 60% e 80%, favorece o desenvolvimento saudável da planta.
Para cultivo em jardins, a Monstera deliciosa exige solos bem drenados, férteis e ricos em matéria orgânica. O pH ideal situa-se entre 5,5 e 7,0. Em vasos, o substrato recomendado deve ser leve, aerado e de alta capacidade de retenção de umidade. Uma sugestão eficiente de substrato inclui uma mistura de terra vegetal, fibra de coco, perlita e húmus de minhoca.
O plantio da Costela-de-adão em jardins deve ocorrer preferencialmente no início da primavera, assegurando temperaturas amenas e aumento gradual da luminosidade. As regas devem ser regulares, permitindo que o substrato seque levemente entre irrigações.
Em regiões de clima muito úmido, é necessário reduzir a frequência para evitar fungos. A adubação deve ser equilibrada, utilizando-se fertilizantes NPK de liberação lenta ou líquidos, com reforço de macro e micronutrientes a cada 45 dias durante o período de crescimento ativo. A falta de adubação pode resultar em folhas menores e crescimento limitado.
O tutoramento é essencial para exemplares cultivados no solo e em vasos, visto que a Monstera deliciosa é uma trepadeira natural. O uso de estacas cobertas de fibra de coco, ou suportes similares, permite que as raízes aéreas se fixem adequadamente. A poda deve ser realizada para controle de tamanho, retirada de folhas danificadas e estimulo de ramificações laterais. Cortes limpos com ferramentas esterilizadas evitam a introdução de patógenos.
A manutenção regular inclui limpeza das folhas com pano úmido para remover poeira, inspeção periódica de pragas e reposição do substrato superficial anualmente. Em ambientes externos, a cobertura morta (mulching) pode ser usada ao redor da base da planta para conservar a umidade do solo, a fertilidade e suprimir plantas daninhas.
O cultivo da Costela-de-adão em interiores demanda atenção às condições de luz e umidade. Recomenda-se posicionar a planta próxima a janelas voltadas para leste ou oeste, com luz filtrada. Caso a iluminação natural seja insuficiente, lâmpadas de crescimento específicas para plantas devem ser utilizadas.
A temperatura deve ser mantida constante, evitando correntes de ar frio ou aquecimento excessivo. A umidificação do ambiente por meio de umidificadores ou bandejas com água é aconselhável para simular as condições da floresta tropical. Pela mesma razão devem ser evitados os ambientes com ar condicionado. Vasos devem ter bom espaço para as raízes e boa drenagem, e a rega deve ser profunda, de modo a molhar bem o substrato, mas aguardando que esteja superficialmente seco antes da próxima rega.
A Monstera deliciosa apresenta moderada tolerância a ventos desde que protegida, mas é extremamente sensível a geadas e temperaturas frias prolongadas. Sua resistência à seca é limitada; períodos longos sem rega resultam em folhas amareladas, murchas e crescimento estagnado. Não é indicada para regiões com salinidade elevada ou maritimidade intensa, pois a salinização do solo prejudica suas raízes.
Como a planta contém oxalato de cálcio em todas as suas partes, ela é pouco atrativa a herbívoros, embora possa sofrer danos ocasionais de lagartas e caracóis em áreas abertas. Quanto às pragas, os principais problemas incluem cochonilhas, ácaros e pulgões, especialmente em ambientes internos ou condições de baixa ventilação. Doenças fúngicas como a podridão de raiz e a mancha foliar podem ocorrer em substratos excessivamente úmidos ou que estejam compactados e velhos.
A propagação da Costela-de-adão é mais eficaz por meio de estacas de caule contendo pelo menos um nó com raiz aérea. O processo envolve o corte de um segmento saudável, a imersão do nó em substrato úmido ou água até o enraizamento, e posterior transplante para solo definitivo. A semeadura de sementes frescas também é viável, mas é um método menos utilizado devido ao tempo prolongado até a obtenção de plantas adultas.
A alporquia é uma técnica também altamente eficaz e segura, especialmente indicada para plantas adultas ou exemplares que atingiram dimensões excessivas em ambientes internos. O método consiste em estimular o enraizamento de uma porção do caule ainda ligada à planta-mãe, geralmente envolvendo um nó com raiz aérea em um substrato úmido, como musgo esfagno, até o desenvolvimento de raízes suficientes para o corte e transplante.
Entre suas principais vantagens está a obtenção de plantas geneticamente idênticas, que preservam a variegação, com elevada taxa de sucesso e estabelecimento rápido após o enraizamento. Além disso, a alporquia permite a renovação de espécimes antigos ou muito grandes, oferecendo uma alternativa prática para reduzir o volume da planta sem perder características ornamentais desejáveis. Dessa forma, o procedimento, apesar de um pouco lento, viabiliza a manutenção estética da Monstera deliciosa em interiores, adaptando o porte da planta às dimensões limitadas dos espaços internos, sem necessidade de substituição completa.