
Os primeiros hormônios que vamos falar são as auxinas. As auxinas foram os primeiros hormônios de crescimento estudados, e sua descoberta foi feita por Charles Darwin, juntamente com seu filho Francis Darwin. Eles colocaram diversos tipos de plantas, sob uma luz que vem apenas de uma direção, e observaram que o lado que ficava sombreado, crescia mais do que o lado que era iluminado, fazendo com que a planta crescesse em direção à luz.
Assim, aos poucos vamos entendendo quais as funções destes hormônios. A principal ação das auxinas é a de crescimento, por alongamento celular. Também concluímos que este hormônio tem um comportamento fotofóbico. Ou seja, ele é difundido na direção oposta da luz. Na prática, isso explica porque as plantas que recebem luz de apenas um lado, crescem tortas em direção à luz. Pois o lado contrário, acaba recebendo mais hormônio de crescimento, entortando a planta em direção à luz.
Conhecendo essa propriedade das auxinas, lembramos que devemos girar regularmente as plantinhas que crescem próximo a uma janela, para que elas não cresçam tortas.

As auxinas são produzidas em todos os órgãos das plantas, mas essa produção é muito maior na região dos meristemas. Ou seja, nas gemas de crescimento. E dentre as gemas de crescimento, a que mais produz auxina é a do ápice caulinar. Essa gema, na ponta do caule, produz tanta auxina, que chega a ser um excesso. Este excesso se difunde para baixo, e inibe o crescimento das gemas laterais dos ramos, mantendo elas em dormência. Assim acontece a dominância apical. Quando cortamos a gema principal, a planta pára de crescer em altura e as gemas laterais podem crescer livremente. Esse conhecimento é a base para muitas técnicas de jardinagem, como o beliscamento, além de diversas podas de formação, tanto de pequenas plantas herbáceas, como de árvores frutíferas. Em frutíferas, o corte da gema apical, produz uma ramagem mais baixa, facilitanto a colheita por exemplo. Ela é útil também para a produção de estacas e alporques, assim, como técnicas de bonsai, espaldeira, e outras.
Além desse papel de crescimento e dominância apical, as auxinas também são importantes para o desenvolvimento de caules, raízes, frutos e sementes. Dentre as auxinas, a mais frequente no reino vegetal é o Ácido 3 Indolacético (cuja sigla é AIA). Além desta forma, são encontradas outras formas naturais, e como as auxinas tem uma estrutura química relativamente simples, os cientistas foram capazes de sintetizar uma série de moléculas com atividade auxínica. Como o ácido 1-naftaleno-acético (ANA) e o ácido indolbutírico (AIB). Estas auxinas sintéticas são largamente utilizadas como hormônio enraizador. Geralmente vendidos na forma de talco, com eles podemos estimular o enraizamento de estacas e alporques. Obtendo sucesso na propagação de plantas, que de outra forma seria muito difícil, como é o caso da jabuticada. Quem já experimentou fazer estaquia ou alporquia de uma jabuticabeira sabe do que eu estou falando. Essa espécie demora bastante para enraizar naturalmente, mas com o uso dessas auxinas sintéticas, o processo é muito mais fácil e menos demorado, com um índice de pegamento muito maior. Além da jabuticabeira, podemos facilitar o enraizamento em muitas outras espécies, simplesmente aplicando uma dose dessas auxinas sintéticas.

Elas são usadas também na produção de flores, aumentando o tempo de duração de brácteas em Bouganvílias e a duração após a colheita de flores de lisianto, por exemplo.
Outras auxinas sintéticas como o ácido 2,4-diclorofenoxiacético e o ácido 2-metóxi-3,6-diclorobenzóico (conhecido comercialmente como Dicamba) são utilizadas como herbicidas. Esses herbicidas estimulam o crescimento da planta a um ponto em que ela não consegue suprir com a produção de nutrientes e acaba morrendo. Elas são utilizadas como herbicidas seletivos, pois as gramíneas não são tão sensíveis a elas. Assim, ao aplicar uma auxina destas em um gramado infestado com trevos por exemplo, os trevos acabam morrendo, enquanto a grama permanece normal. Estas auxinas podem ser perigosas para o meio ambiente e tóxicas. E mesmo que a gente aqui entenda como é o funcionamento delas, devemos sempre procurar a orientação de um engenheiro agrônomo qualificado antes de interferir assim com a natureza, pois poderemos estar prejudicando nossas plantas, nossa própria saúde e o meio ambiente.
No próximo artigo da série, vamos falar de giberelinas. Até lá.
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