Todos que trabalham com plantas para produção de alimentos ou por razões estéticas têm problemas com plantas daninhas. Essas plantas competem com as plantas desejadas por luz, nutrientes, água e espaço. Existem diversos métodos de evitar ou controlar plantas daninhas (leia mais aqui), sendo o método químico realizado com herbicidas um dos mais comuns. Os herbicidas são compostos químicos, naturais ou sintéticos, capazes de matar plantas pela interrupção de alguma função fisiológica. É mais ou menos como atuam os antibióticos.
No passado, os herbicidas eram extremamente tóxicos, como os derivados de arsênio, e as doses eram enormes de até 15 toneladas por hectare. Hoje em dia, são desenvolvidos compostos mais eficientes e mais seguros ao meio ambiente, com doses muito menores, que chegam a 10 gramas por hectare. Por esse avanço tecnológico, os herbicidas ganharam segurança, podendo alguns deles serem utilizados até em jardins. Obviamente, estes produtos só devem ser usados sob a orientação de um Agrônomo capacitado, que após avaliação da situação, receitará os produtos mais adequados e obviamente licenciados a cada caso.
Para que se entenda melhor como age essa classe de produtos, serão apresentadas abaixo as principais formas de classificação com exemplos de uso.
Herbicidas seletivos
São herbicidas que controlam um grupo de plantas daninhas, sendo ineficazes para outros grupos. Por exemplo, existem herbicidas que controlam plantas dicotiledôneas (ex. picão preto) sem afetar as monocotiledôneas (ex. gramas), veja a diferença entre elas aqui. Por outro lado, também há os produtos que controlam as mono, sem afetar as dicotiledôneas. Existem também herbicidas que controlam ciperáceas (ex. tirica) sem afetar as gramíneas.
Herbicidas não seletivos
São herbicidas que controlam todas as plantas aspergidas. Também são chamados de herbicidas de ação total ou dessecantes. O mais famoso é o glifosato, embora existam outros produtos. Sua aplicação deve ser realizada somente se o objetivo é eliminar todas as plantas de uma área.
Ação em pré-emergência
Essa é uma característica que define os herbicidas que atuam no solo, antes da emergência da plântula na superfície do solo. Esses produtos inibem o crescimento da parte aérea das plantas ou as impede de utilizar a luz, dessa forma, o controle ocorre pouco após a germinação das sementes ou gemas. Podem ser aplicados diretamente no solo ou sobre a folhagem de plantas presentes na área.
Ação em pós-emergência
Os herbicidas de ação em pós-emergência atuam em plantas que já germinaram e ultrapassaram a superfície do solo. Normalmente agem sobre as partes verdes das plantas, como caule e folhas. Os herbicidas mais modernos agem nos cloroplastos das plantas, o que os tornam seguros para outros organismos vivos que não possuem esta organela. Sua aplicação é preferencialmente sobre a folhagem. Esses herbicidas são mais eficientes quando as plantas daninhas tem até 4 folhas.
Sistêmicos
São ditos sistêmicos aqueles herbicidas que atuam por toda a planta e não somente no local de contato. Esses produtos são absorvidos pelas raízes ou pelas folhas, são translocados para outras partes da planta até alcançarem o local-alvo. Fazendo uma analogia, funciona como um anti-inflamatório que tomamos via oral, mas que atua em outras partes do corpo. Após a aplicação de um herbicida sistêmico, é necessário um tempo para absorção adequada do produto. Uma chuva ou rega logo após a aplicação pode impedir a absorção e o controle das plantas daninhas.
Contato
Os herbicidas de contato atuam somente no local exato onde atingem as plantas. Esses herbicidas não são translocados para outras partes dos vegetais. Por isso, o cuidado na aplicação é importante, pois a eficiência depende de um molhamento adequado das folhas com o produto. Os herbicidas de contato tendem à controlar rapidamente as plantas, sendo que algumas horas após a aplicação, já se pode observar os sintomas.
Herbicida residual
Esse tipo de herbicida é capaz de controlas as plantas existentes em uma área e permanecer ativo no solo por algum tempo, aumentando o período em que a área permanece livre de plantas daninhas. Alguns desses produtos são usados em estradas de ferro, para manter os trilhos livres de plantas daninhas. Certos produtos têm residual de até 360 dias.
Questão ambiental e toxicológica
Muitas são as dúvidas quanto à utilização de herbicidas. De forma geral, os herbicidas mais modernos atuam em rotas fisiológicas estritamente vegetais, o que traz segurança aos demais organismos. Além disso, sabe-se que a legislação brasileira para liberação de herbicidas comerciais é uma das mais rigorosas do mundo, principalmente em relação à toxicologia e ao seu destino no ambiente.
Quando do planejamento do uso desses produtos, deve-se levar em conta fatores como a Classe Toxicológica, o Intervalo de Segurança, no caso de colheita, e até mesmo aspectos de sua degradabilidade no solo. A melhor forma de utilizar herbicidas e outros defensivos é seguir rigorosamente o que é determinado na bula, na legislação e no receituário agronômico. Boa parte dos problemas ambientais que envolvem estes produtos deve-se ao descumprimento das orientações contidas nesses documentos.
Usando a tecnologia adequadamente e com orientação técnica, podemos usufruir dela sem receios.